L. R. Arcano

História de Nassau, a República dos Piratas

Batalha de Nassau, A República dos Piratas

No início do século XVIII, quando a Era Dourada da Pirataria atingia seu ápice, um local se tornou o epicentro das atividades piratas no Caribe. Ex-corsários e bucaneiros encontraram ali um porto seguro e estabeleceram suas próprias regras e códigos, transformando-o em um dos refúgios mais infames da época. Assim, no coração das Bahamas, Nassau ficou conhecida como a República dos Piratas.

Meu nome é L. R. Arcano, sou autor do livro “O Chamado das Profundezas: Por Ouro e Glória” e no artigo de hoje, falaremos sobre a histórica cidade de Nassau, sua formação, os piratas notórios que viveram lá e como um corsário inglês chamado Woodes Rogers foi responsável pelo seu fim.

A Formação de Nassau

Com uma história turbulenta desde sua criação, a pequena cidade na Ilha de New Providence começou como uma colônia inglesa chamada Charles Town. Após ser completamente destruída pelos espanhóis em 1684, a cidade foi reconstruída e renomeada como “Nassau” em 1694, em homenagem a um duque da Inglaterra.

Porém, após seu renascimento das cinzas, Nassau não encontrou paz. A cidade era constantemente atacada e, devido à baixa quantidade de habitantes, dificilmente conseguia rechaçar tais investidas.

Dois anos depois, em meados de 1696, um renomado pirata usou o local como covil para fugir das autoridades e abriu precedentes que sinalizaram Nassau como uma excelente base operacional. Esse pirata foi ninguém menos que Henry Avery, o Rei dos Piratas.

Henry Avery e o Início da República dos Piratas

Após executar com sucesso um dos maiores saques da história, ao roubar uma frota de navios que voltavam de sua peregrinação à Meca, Henry Avery fugiu para o Caribe. Foi então que seu caminho se cruzou com a cidade de Nassau.

Carregado com riquezas incalculáveis, dentre elas cerca de 50 toneladas de marfim e 100 barris de pólvora negra, ele atracou seu navio, o Fancy, na Ilha de New Providence. Usando o falso nome de Benjamin Bridgeman e fingindo ser um dono de escravos fugindo da justiça, Avery subornou o governador local, Nicholas Trott, para que ele e sua tripulação pudessem se estabelecer na cidade sem ser incomodados.

Henry Avery e o Fancy
Henry Avery e Seu Navio “Fancy”

A propina foi oferecida em forma de ouro, prata e o próprio navio Fancy ainda carregado. Trott aceitou e, mesmo suspeitando de que se tratasse de piratas, permitiu que eles vivessem em Nassau. Eventualmente, cada integrante do bando seguiu seu rumo, incluindo Avery, que sumiu do mapa e garantiu seu nome na história como um dos poucos piratas que conseguiram se aposentar.

Sem a presença de Henry Avery e sua tripulação, a cidade novamente se tornou um alvo fácil. Em 1703, Nassau foi atacada por navios franco-espanhóis e, mais uma vez, em 1706. Já não era mais seguro viver ali. Por isso, a maioria dos colonos abandonou a cidade, assim como todos os governantes, deixando Nassau sem a presença de autoridades inglesas.

Foi então que corsários ingleses viram uma oportunidade e tomaram o controle da ilha. New Providence estava localizada estrategicamente, próxima a diversas rotas comerciais. Além disso, as águas rasas das Bahamas eram perfeitas para as embarcações pequenas e velozes dos piratas, permitindo-lhes navegar sem problemas enquanto rechaçavam os massivos navios de guerra espanhóis, conhecidos como “Man’o War”.

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Inicialmente, os corsários atuavam exclusivamente com a permissão formal do governo, na forma da Carta de Corso, que lhes permitia atacar e saquear navios espanhóis e franceses sem consequências. Mas rapidamente se tornaram fora-da-lei e piratas em sua essência.

Ao fim da Guerra da Sucessão Espanhola, muitos outros corsários se viram subitamente desempregados e, sem o endosso formal da Inglaterra, tornaram-se piratas. Muitos deles migraram para a Ilha de New Providence, incluindo dois lendários corsários que foram mentores dos maiores piratas do seu tempo, Henry Jennings e Benjamin Hornigold. E assim se deu início a República dos Piratas.

Os Piratas Mais Famosos de Nassau e a ‘Flying Gang’

No seu auge, a República dos Piratas em Nassau contava com cerca de 1000 piratas e alguns deles, os mais notórios, fizeram parte de um grupo chamado Flying Gang (a Gangue Voadora). Fundada por Henry Jennings e Benjamin Hornigold, esse grupo contou com os maiores nomes da pirataria no Caribe e foram responsáveis por aterrorizar os oceanos por um período e consolidar de vez a força dos piratas.

A Flying Gang era composta pelos mais temidos e habilidosos piratas do seu tempo. Alguns deles são:

  • Henry Jennings e Benjamin Hornigold: fundadores do grupo e mentores de muitos piratas em ascensão, além de terem criado as bases da Flying Gang.
  • Charles Vane: conhecido por sua natureza impetuosa, Vane foi um dos líderes mais controversos e brutais da ‘Flying Gang’.
  • Edward Teach (Barba Negra): com uma imagem icônica e uma reputação de ferocidade, Barba Negra era tanto um líder carismático quanto um estrategista astuto.
  • Jack Rackham: foi conhecido por sua bandeira distintiva e pela presença feminina de Anne Bonne e Mary Read em sua tripulação, incomum para a época.
  • Incluindo Stede Bonnet, Olivier Levasseur e outros.

Esses piratas coordenavam ataques, compartilhavam recursos e enfrentavam desafios coletivamente, transformando Nassau em um centro autogovernado de atividades piratas. Lá, seguiam as diretrizes do Código Pirata, de forma flexível é claro, mas o usavam como uma base para manter a ordem.

Mas, apesar de suas conquistas, os dias da República dos Piratas e da Flying Gang estavam contados.

Wood Rogers e o Fim da República

Após muitos anos de autonomia e prosperidade, Nassau viu seu destino mudar repentinamente. As atividades piratas nas Bahamas, que causavam caos e prejuízos aos interesses da Coroa Britânica, tornaram-se insustentáveis. Em resposta a essa ameaça, Woodes Rogers foi designado como governador real das Bahamas com a missão de restaurar a ordem na região.

Woodes Rogers
Woodes Rogers, Governador de Nassau

Em 1718, Rogers chegou a Nassau determinado a erradicar a onda de crimes desenfreada que assolava o Caribe. Surpreendentemente, sua abordagem inicial não foi puramente militar, mas sim diplomática: ele ofereceu uma anistia real aos piratas, permitindo que aqueles que renunciassem à pirataria e jurassem lealdade à Coroa Britânica fossem perdoados por seus crimes.

Muitos piratas, incluindo figuras proeminentes como Benjamin Hornigold, aceitaram a anistia e entregaram suas armas. No entanto, nem todos estavam dispostos a desistir de suas vidas como fora-da-lei. Charles Vane, um dos piratas mais notórios da época, tentou romper o bloqueio naval de Rogers enviando um navio carregado de explosivos como distração. Apesar da tentativa de fuga, a maioria dos piratas foi capturada ou morta.

Aqueles que permaneceram nas Bahamas enfrentaram uma caçada implacável liderada por Hornigold e Jennings, que agora atuavam como agentes da Coroa. Com o tempo, Nassau foi purgada dos piratas remanescentes, marcando o fim da República dos Piratas e o estabelecimento do controle britânico sobre as Bahamas.

Encerramento

O fim de Nassau como um refúgio pirata não apenas eliminou a presença dos fora-da-lei nas Bahamas, mas também foi o ponto de partida para o declínio da Era Dourada da Pirataria…

E assim chegamos ao fim da exploração de hoje. Espero que você tenha apreciado conhecer mais sobre a fascinante história de Nassau e a notória República dos Piratas. Não se esqueça de comentar e compartilhar este artigo com seus amigos que também são apaixonados por histórias intrigantes como essa!

Não perca a chance de mergulhar ainda mais nesse universo com meu livro “O Chamado das Profundezas”, que se passa no final do século 17 e narra a jornada de um capitão pirata ambicioso pelos mares do Caribe.

Capa do Livro O Chamado das Profundezas

Eu sou L. R. Arcano, e espero te encontrar novamente na próxima aventura! Te vejo lá!

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