O Leviatã é uma colossal besta marinha, mencionada em escrituras sagradas e mitologias de diversas culturas, é um símbolo do poder primordial e da força indomável da natureza. O Leviatã é muitas vezes associado ao caos e à destruição, uma personificação do poder bruto que existe desde a criação dos tempos. Eu sou o L. R. Arcano, e neste artigo vamos mergulhar na história e nos segredos do Leviatã. Exploraremos suas origens, suas representações ao longo dos séculos, e os significados ocultos por trás de sua existência. Então prepare-se e vem comigo!
As Origens do Leviatã – Livro de Jó, Salmos e Outros
O Leviatã é descrito nas escrituras como uma das criaturas mais impressionantes criadas por Deus, ao lado de outras entidades colossais como o Behemoth e o Ziz. Sendo o Leviatã governante dos mares, enquanto Behemoth domina a terra e Ziz os ares de acordo com as tradições judaicas.
No Livro de Jó, o Leviatã é mencionado no contexto de uma das passagens mais dramáticas da Bíblia. Após perder tudo – seus filhos, suas riquezas e sua saúde – como parte de um teste entre Deus e Lúcifer, Jó questiona a justiça divina. Em resposta, Deus o lembra de sua sabedoria e poder, mencionando diversas maravilhas da criação, incluindo o Leviatã, para demonstrar que a ordem do universo é complexa demais para ser compreendida por um mero mortal.
Essa criatura também aparece em outras partes da bíblia. Em Salmos ele é descrito como tendo sido derrotado por Deus, e que Ele teria servido a carne da besta de alimento para os habitantes do deserto. Já no Livro de Isaías, é dito que no fim dos tempos Deus travaria uma batalha com o Leviatã, matando a besta e instaurando ordem ao caos; sendo essa uma representação que que me lembrou bastante a luta entre Thor e Jormungandr no Ragnarok da Mitologia Nórdica.
Além dos textos bíblicos, o Leviatã também é mencionado em obras apócrifas como o Livro de Enoque. Embora esse livro não faça parte do cânone oficial da Bíblia, ele traz referências ao Leviatã como uma das criaturas que habitam as profundezas, destinada a ser destruída no final dos tempos.
A Aparência do Leviatã
Nos textos sagrados, o Leviatã é descrito como uma criatura marinha colossal, semelhante a uma serpente ou dragão. No Livro de Jó, versículo 41 (onde estão grande parte das menções à besta) ele possui escamas impenetráveis, dentes afiados, e a habilidade de cuspir fogo, tornando-o uma besta invencível. Seus olhos brilham como o amanhecer, e seu corpo é tão resistente que nem lanças ou espadas podem feri-lo.
Veja esse trecho do Livro de Jó, Capítulo 41:
“Só de olhar para o monstro Leviatã as pessoas perdem toda a coragem e desmaiam de medo. […] Quem pode arrancar o couro que o cobre ou furar a sua dupla couraça? Quem é capaz de fazê-lo abrir a sua queixada rodeada de dentes terríveis? As suas costas são cobertas de fileiras de escamas ligadas umas com as outras e duras como pedras. […] Quando o Leviatã espirra, saem faíscas; os seus olhos brilham como o sol ao amanhecer. A sua boca lança chamas, e dela saltam faíscas de fogo. O seu nariz emite fumaça, como a de galhos que queimam debaixo de uma panela. O seu sopro acende o fogo, e da sua boca saem chamas […]. Quando ele se levanta, até os mais fortes ficam apavorados; o medo os impede de agir.”
Em Salmos, ele é mencionado como uma criatura que habita as profundezas do mar, representando o caos e o poder indomável da natureza criada por Deus. E é também em Salmos que fica implícito que o Leviatã talvez tivesse várias cabeças pois em Salmos 74:14, é mencionado que Deus “esmaga as cabeças do Leviatã”. Uma representação que lembra bastante a criatura Lotan da mitologia cananeia, frequentemente associada com o próprio Leviatã.
O que nos leva ao próximo tópico: como essa criatura se associa a outras mitologias e culturas antigas?
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Leviatã nas Mitologias e Culturas Antigas
Embora o Leviatã seja amplamente reconhecido em textos bíblicos, ele compartilha características com diversas criaturas mitológicas de culturas antigas. Por exemplo, na Mitologia Mesopotâmica, Tiamat é uma deusa primordial que representa o caos das águas salgadas. Assim como o Leviatã, Tiamat é descrita como uma serpente colossal, e sua batalha contra Marduk, o deus da ordem, é central para a criação do mundo, ecoando temas de luta entre forças divinas.
Na Mitologia Nórdica, a serpente Jörmungandr, que circunda o mundo e representa o ciclo de criação e destruição, emerge durante o Ragnarök para enfrentar Thor, refletindo batalhas apocalípticas semelhantes às associadas ao Leviatã.
Na Mitologia Cananeia, Lotan, uma serpente de sete cabeças, é um adversário do deus Baal, simbolizando as águas caóticas. Sua derrota representa a imposição da ordem sobre o caos, e o nome “Lotan” está linguisticamente relacionado ao termo “Leviatã”, sugerindo uma troca de influências culturais.
Essas figuras mitológicas compartilham temas de destruição e renovação, evidenciando como a imagem do Leviatã foi moldada por influências culturais ao longo do tempo. Mas, embora haja semelhanças entre elas, cada uma possui suas próprias nuances e são um reflexo da cultura do seu tempo.
Agora, saindo da antiguidade, vamos falar sobre a representação mais contemporânea do Leviatã, presente na demonologia.
Um dos Sete Príncipes do Inferno – Demonologia Contemporânea
Na demonologia contemporânea, o Leviatã é frequentemente identificado como um dos Sete Príncipes do Inferno, associado ao pecado da inveja. Nessa tradição, ele deixa de ser uma simples criatura marinha para assumir um papel de grande poder no inferno.
Descrito como um demônio de imensa força e astúcia, o Leviatã na demonologia é visto como um agente do caos, refletindo seu papel original nas escrituras como uma força primitiva e destrutiva. Sua representação nessa tradição enfatiza sua dualidade como criatura de Deus que, corrompida, tornou-se um símbolo da inveja e desordem entre os anjos caídos.
Deus e o Leviatan
Antes de encerrarmos a nossa exploração, gostaria de falar sobre a relação entre Deus e o Leviatã. Essa ligação é retratada de maneiras contrastantes nas escrituras e tradições. Em algumas passagens bíblicas, Deus é descrito como o conquistador do Leviatã. Como eu já mencionei, no Salmo 74:14, por exemplo, Deus mata o Leviatã e o distribui como alimento aos “habitantes do deserto,” um gesto que simboliza a vitória do Criador sobre o caos e a desordem, oferecendo o monstro como uma dádiva aos dignos.
Por outro lado, em passagens como Salmos 104:26, o Leviatã é descrito de forma mais tranquila, quase como uma criatura lúdica que “brinca” nas profundezas do mar, indicando que ele, apesar de temido, pode ser controlado e até apreciado por Deus. Essa visão o coloca mais como uma criação majestosa e misteriosa, quase como um “animal de estimação” divino, que habita o reino das águas sob o olhar vigilante do Criador.
Essas dualidades revelam que, enquanto o Leviatã simboliza o caos e o poder bruto, ainda assim ele permanece sempre sob o domínio absoluto de Deus.
