Port Royal: A Cidade Pirata e Sua Trágica História

No século XVII, a pirataria alcançou seu auge durante a Época Dourada, deixando marcas indeléveis na história marítima. Um dos locais mais icônicos desse período foi Port Royal, uma cidade na Jamaica que se tornou um refúgio para piratas, corsários e aventureiros. Conhecida como “A Sodoma do Novo Mundo”, Port Royal prosperou através de atividades ilícitas até ser devastada por um cataclismo natural em 1692. Neste artigo, exploraremos a fascinante história de Port Royal, desde sua ascensão como centro de pirataria até sua queda trágica, questionando se sua destruição foi um castigo divino ou um infeliz acaso da natureza.

Contexto Histórico – Port Royal nos Séculos XVII e XVIII

Para contextualizar o que aconteceu em Port Royal, primeiro é preciso entender algumas coisas. No século XVII, os piratas estavam em sua “melhor” fase: a Época Dourada da Pirataria. Esse foi o período em que as atividades marítimas de moral questionável estavam em alta, estendendo-se até meados do século XVIII, quando a tolerância às atividades imorais e ilícitas dos piratas se esgotou por parte dos governos.

Essa curta fase da história foi o suficiente para que os lobos do mar entrassem para o imaginário popular. Com suas pernas de pau, tapa-olhos e sede por rum e tesouros, eles se tornaram figuras culturais importantes em todo o mundo.

Os piratas estão presentes em livros, séries, filmes e todo tipo de mídia até os dias de hoje. Em algumas obras, são considerados vilões cruéis e sem escrúpulo, cuja única motivação é causar terror nos mares e saquear navios. Em outras, são símbolo de liberdade e resistência: homens que desafiaram seu destino e se revoltaram contra aqueles que os oprimiam.

Tantas obras de ficção, difundindo “verdades” diferentes, podem confundir as pessoas sobre o que existiu de fato e quem existiu de fato na época. Às vezes é fácil confundir a ficção com a história, e um dos casos é sobre a existência de Port Royal, uma cidade que foi um antro da pirataria. Não é raro encontrar pessoas que pensem que ela é uma cidade fictícia, ainda mais depois do sucesso dos filmes “Piratas do Caribe”, mas ela foi uma cidade real da Jamaica e vou te contar um pouco sobre ela.

Port Royal, A Sodoma do Novo Mundo

Port Royal foi uma cidade jamaicana, localizada em uma importante rota comercial entre a Espanha e o Panamá. Originalmente uma cidade espanhola, em 1655 a Inglaterra adquiriu a cidade. Os ingleses negligenciaram as necessidades de Port Royal, deixando de enviar dinheiro e guardas essenciais para a proteção da cidade marítima. Então, o governo da Jamaica resolveu abrir as portas para uma proteção pouco peculiar: os piratas.

Essa parceria inusitada era uma via de mão dupla. À medida que os piratas formavam uma boa defesa para a cidade (que enriquecia cada vez mais), eles próprios acharam que o local era ideal, pois era lar de um porto gigantesco e próximo de rotas comerciais, facilitando e agilizando saques a navios em alto mar. Em pouco tempo, a cidade ganhou a má reputação de ser “A Sodoma do Novo Mundo”. Apesar de rica, era habitada em maior parte por piratas, promotores de jogos de azar e prostitutas. Era um destino comum para qualquer marujo à procura de diversão e um local seguro para gastar o seu saque.

Castigo Divino – A Destruição da Cidade Pirata

E assim a cidade se desenvolveu e foi se tornando cada vez mais rica, sendo considerada uma das mais prósperas colônias inglesas da época. Em 1689 estima-se que cerca de  25% da população de Port Royal era composta de piratas e corsários e, para atender a demanda de tantos piratas, nada mais justo do que uma cidade infestada de bares e bordeis. Mas toda essa bonança e libertinagem em breve chegaria a um fim trágico e repentino.

No dia 7 de junho de 1692 uma série de terremotos destruiu a cidade. Uma sequência de três sismos atingiu a cidade em sequência, destruindo e engolindo construções inteiras. Pouco depois, para terminar o serviço, um terrível tsunami atingiu a cidade e a submergiu quase que por completo. Vale dizer que a cidade não havia sido erguida no melhor das fundações, o terreno era arenoso, o que fez com que o impacto dos sismos e do tsunami tenham sido ainda mais devastadores.

Muitos, na época, disseram que a catástrofe foi uma espécie de castigo divino. Que Deus havia dizimado a cidade para punir toda a falta de moral, a criminalidade e libertinagem da cidade jamaicana. Castigo ou não o que se sabe é que cerca de 2/3 da população da época tenha morrido na catástrofe. Port Royal é hoje uma cidade submersa em sua maior parte, e é considerada um sítio arqueológico e patrimônio cultural pela UNESCO. O que sobrou na superfície não é, nem de longe, uma cidade tão próspera como já foi um dia. 

Conclusão

Port Royal, com sua história rica e trágica, permanece no imaginário popular como um símbolo da era dourada da pirataria e suas consequências. A história da cidade nos lembra dos perigos da libertinagem desenfreada e da natureza imprevisível. Mas e você, o que acha: foi uma punição divina ou um infeliz acaso da natureza? Deixe sua opinião nos comentários.