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L. R. Arcano

O Prólogo de “As Portas de Pedra” Traduzido em Português (PT-BR) – Patrick Rothfuss

As Portas De Pedra
Capa de “As Portas de Pedra”

Em novembro de 2021 completaram-se dez  anos da longa espera do terceiro livro da saga de Kvothe: “As Portas de Pedra”. Todos estamos, ansiosamente, esperando a conclusão da história do menino do cabelo flamejante, que se tornou uma lenda pelos quatro cantos do incrível mundo criado por Patrick Rothfuss. Quem acompanha o autor (confesso que é o meu favorito no mundo da literatura fantástica) sabe que ele criou, em 2010 uma Instituição de Caridade denominada WorldBuiders, que hoje conta com dezenas de autores do mundo inteiro. 

Durante uma recente campanha beneficente dessa fundação, o autor fez uma “aposta” com seus leitores, em que se conseguisse arrecadar $333 mil dólares para a causa ele, finalmente, iria revelar parte do livro em uma de suas live streams. A meta foi alcançada. Ele cumpriu sua palavra e leu, ao vivo, o prólogo do livro seu próximo livro “As Portas de Pedra”. 

Prólogo As Portas de Pedra: Um Silêncio em Três Partes

AINDA ERA NOITE EM NALGURES. A Pousada Marco do Percurso ainda estava em silêncio, e era um silêncio em três partes.

O silêncio mais óbvio era feito do eco das coisas que faltavam. Se no horizonte o suave toque de azul se revelasse, a cidade estaria agitada. Haveria o crepitar dos gravetos e o gentil murmúrio da água sendo fervida para um mingau ou um chá. O ruído lento do andar das pessoas pela grama teria varrido o silêncio escada à fora das casas, como o indiferente esfregar de uma velha vassoura de bétula. Se Nalgures fosse grande o suficiente para ter vigias, estes iriam marchar e resmungar, arrastando o silêncio para longe como um estranho indesejável.

Se houvesse música… mas não, é claro que não havia música. Na verdade não havia nenhuma dessas coisas, por isso o silêncio persistia.

No porão da Marco do Percurso pairava o cheiro de fumaça e de ferro chamuscado. Em todo lugar se encontrava evidências de um trabalho apressado. Ferramentas espalhadas, garrafas largadas em desordem e um respingo de ácido, sibilando rispidamente para si mesmo após ter escorrido pelo canto de uma tigela de pedra. Por perto, os tijolos de uma pequena fornalha faziam pequenos ruídos enquanto esfriava. Esses pequenos ruídos esquecidos acrescentavam um silêncio furtivo aquele maior e ecoante. Eles se entrelaçavam como pequenos pontos de uma linha de latão brilhante. O batucar baixo do contraponto, o timbre, as batidas no fundo de uma canção.

O terceiro silêncio não era uma coisa fácil de se notar. Se você escutasse por tempo suficiente pode ser que o sentisse no frio das trancas de cobre da pousada Marco do Percurso, bem fechadas para manter a noite afastada. Se escondia na espessa madeira da porta e se aninhava profundamente na cinzenta fundação de pedra. E estava nas mãos do homem que havia projetado a pousada, enquanto ele se despia, lentamente, do lado de uma cama simples e pequena.

O homem tinha cabelos de um ruivo verdadeiro, vermelhos como a chama. Seus olhos eram escuros e distantes e ele se movia com o lento cuidado
de um homem muito ferido, ou cansado, ou mais velho do que sua própria idade.

Dele era a Marco do Percurso, como dele também era o terceiro silêncio. Era apropriado que assim fosse, pois esse era o maior silêncio dos três, englobando os outros dentro de si. Era profundo e amplo como o fim do outono. Pesado como um pedregulho alisado pelo rio. Era o som paciente – som de flor colhida – do homem que espera a morte.

Veja o Vídeo Sobre as Teorias e Segredos do Prólogo

Ou, se quiser, leia a postagem que fiz à respeito aqui mesmo no blog: clique aqui!

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Em breve lançarei meu primeiro livro que se passa na Era de Ouro da Pirataria. O livro já está concluído e ainda esse ano irei divulgar a data de lançamento.

7 comentários em “O Prólogo de “As Portas de Pedra” Traduzido em Português (PT-BR) – Patrick Rothfuss”

  1. Pingback: Revelações e Segredos Escondidos no Prólogo de "As Portas de Pedra"

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